Radiação dos telemóveis gera preocupação

A radiação dos telemóveis, em teoria, não é perigosa.

A radiação ainda é encarada com desconfiança, nomeadamente a causada pelos telemóveis, apesar de ser um elemento presente no meio ambiente e para o qual o organismo humano criou defesas, explicou hoje o especialista Antero Abrunhosa.

Um destes casos é a radiação dos telemóveis, questão que preocupa o cidadão comum e que o físico Antero Abrunhosa considera não perigosa de um ponto de vista teórico, embora reconheça que se trata de uma matéria controversa, com certos estudos a recomendarem um uso moderado.

"A radiação até um determinado nível é considerada não-ionizante. Nesse sentido, a radiação dos telemóveis é não-ionizante, são ondas de rádio, e, de forma clássica, não é considerada perigosa. No entanto, há estudos mais recentes que apontam para alguma precaução, mas não são conclusivos", disse.

A explicação foi dada numa aula, subordinada ao tema "Radiação: Já tomou a sua dose hoje?", que decorreu na Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, em Lisboa, e serviu para desmistificar a ideia de que a radiação é por si um malefício ou algo de que as pessoas devem ter bastantes reservas.

"O que é importante as pessoas entenderem é que há fontes naturais de radiação e fontes artificiais. Aquilo que acontece é que a exposição das pessoas às fontes naturais é muito maior do que a exposição às fontes artificiais e, na realidade, a contribuição que têm as técnicas radiológicas, que é sobretudo a radiação artificial em Portugal, já que não temos centrais nucleares, não contribui significativamente para o nível de radiação que as pessoas recebem", explicou o especialista em radioactividade Antero Abrunhosa.

De acordo com este físico, a radioactividade está presente no meio ambiente e é algo com que o organismo humano está habituado a lidar. "A radioactividade está presente no nosso dia-a-dia, nos nossos objectos comuns, está presente até naquilo que comemos e está presente em níveis que sempre existiram e com os quais o nosso organismo está habituado a conviver e tem mecanismos naturais de reparação", sublinhou.

"Cai dentro de todo o conjunto de stress a que as nossas células estão sujeitas, que não é só obviamente da radiação, mas de todo o ambiente que nós temos, e acaba por contribuir para esse stress, sem ser, julgo eu, uma questão preocupante de saúde pública nacional", acrescentou.