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Existem vermes resistentes a pesticidas letais

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Mensagem por Carlos Costa 19th dezembro 2008, 15:34

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Élio Sucena e Sara Magalhães

Cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) mostraram que populações do verme Caenhorabditis elegans (C. elegans) se tornam resistentes a pesticidas em apenas 20 gerações, ou seja, 80 dias. Estes resultados, publicados o mês passado na revista PLoS ONE, abrem caminho para o uso mais eficaz de pesticidas e antibióticos no controle de pestes e parasitas.

Patrícia Lopes e colegas monitorizaram durante 20 gerações o verme C. elegans na presença de Levamisole, um pesticida letal que actua no sistema nervoso e que, em pequenas doses, afecta também a fertilidade e mobilidade. Eles descobriram que o Levamisole reduz drasticamente a sobrevivência e a proporção de machos. De facto, estes quase desapareceram na população: passando de 30 a zero por cento em apenas dez gerações. Os investigadores mostraram que esta redução drástica não se deve ao facto de os machos serem mais susceptíveis ao pesticida do que as fêmeas, mas sim porque o pesticida afecta a mobilidade e, consequentemente, a capacidade de encontrar um parceiro para acasalar.

Contudo, a população de vermes é capaz de adaptar ao ambiente com Levamisole, e na vigésima geração recuperam a taxa de sobrevivência, fertilidade e a frequência de machos. A capacidade de recuperação da população só é possível porque C. elegans é uma espécie hermafrodita, isto é, na população, alguns vermes são simultaneamente machos e fêmeas, podendo-se auto reproduzir.

Uso prolongado de pesticidas

Os investigadores – uma colaboração de Élio Sucena, investigador principal no IGC e Sara Magalhães, investigadora principal da Universidade de Lisboa e dos seus estudantes Patrícia Lopes e Maria Emília Santos – colocaram depois os vermes que se adaptaram ao Levamisolee de volta no ambiente sem pesticida, e verificaram que sobreviviam perfeitamente. Os cientistas dizem que o processo de adaptação ao ambiente tóxico ocorreu sem custos, ou seja, não afectou a sua capacidade de sobreviver ao ambiente original. Élio Sucena refere que “esta descoberta acarreta implicações no uso e gestão da aplicação de pesticidas: se a sobrevivência dos vermes adaptados no ambiente inicial fosse afectada, isso implicaria que a resistência ao pesticida poderia ser controlada mantendo-se áreas sem pesticida, aumentando-se deste modo, a sua eficiência”.

Sara Magalhães assinalou que “como resultado do uso alargado de pesticidas e antibióticos, muitas espécies desenvolveram resistência a estes produtos químicos. A capacidade de gerir esta resistência implica ser capaz de dissecar as alterações genéticas que conferem resistência. A nossa estratégia, de usar a evolução experimental, permite-nos manipular vários factores como o tamanho da população, factores ambientais e o património genético inicial, para compreender e atacar a resistência a pesticidas, não só de C. elegans mas também de outras pestes e parasitas”.
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